Quantos passos foram dados até ali, calçando sapatos enormes? E as lindas flores sempre nos cegando com seu jato de água fria... Com chapéu? Quantas quedas serão necessárias, pra que o público ovacione? Bolinha ou xadrez? E depois? O que acontece com o picadeiro quando não há mais ninguém? Qual é a graça?
É quando você se vê apegado pela repetição de seus próprios números, e percebe que sem perceber, seu rosto foi pintado... O vermelho da sua boca excede as bochechas; Não importa sua cor, você anda pálido; Há uma lágrima eterna embaixo de seu olho, mesmo que você não derrame nenhuma; e no centro do seu rosto abismado você vê seu nariz doente, avermelhado pelo próprio sangue, o sangue que te destinou a estar ali... Nos encarando sem saber por quê, ouvindo ao longe as risadas de desconhecidos ecoando dentro de sua própria casa... Querendo te ver Palhaço.
O Circo está montado. O apresentador grita seu nome e de sorriso maquilado, você vai para a marca sem ser consciente da sua caminhada, quem te guia são as mãos do Palhaço por entre os panos escuros da coxia, a mesma trilha engraçada grita em tom de piada antiga nas caixas, a cortina se abre e lá vai você. Palhaço involuntário, a serviço do riso alheio.
Feliz Natal a todos os Palhaços e Palhaças.